A coragem de persistir

 

Um dia, um amigo me disse que eu era uma pessoa muito corajosa, só porque decidi mudar de cidade. Outro, me chamou de corajosa por gostar de viajar sozinha. E teve também quem me achasse corajosa por vários outros motivos, como não esperar por ninguém para realizar meus sonhos, ser determinada etc. Isso quer dizer que sempre tive coragem, certo?! Errado!

A coragem é um ingrediente poderoso na construção da felicidade, mas, assim como na vida, às vezes também perdemos a coragem para muitas coisas, principalmente para ir atrás da felicidade…

Já li alguns livros sobre felicidade, discutida por diferentes autores e filósofos, e me identifiquei bastante com cada um deles durante minha trajetória. Mas nada se compara à obra A coragem de ser feliz. Assim como um professor de infância que nos ensina a dar os primeiros passos na educação, os autores Ichiro Kishimi (filósofo, escritor e psicólogo) e Fumitake Koga (escritor) explicam, com excelência, quantos degraus devemos subir, se quisermos chegar ao topo da felicidade. E eles não falam da tal felicidade como utopia ou um ideal de vida inatingível, mas como uma possibilidade concreta de uma tarefa que deve ser cumprida com muito esforço e devoção. Ou, melhor seria, com amor e paixão…

Não sei dizer ao certo, mas com certeza essa leitura me ajudou bastante a enxergar a felicidade por outra perspectiva, mostrando que muitas vezes estamos no caminho certo, mas, por algum motivo, medo, trauma ou obstáculo, nos desviamos do foco e voltamos à estaca zero. Não é disso que se trata o livro, nem tampouco de um jogo da vida para a felicidade, mas de encarar a felicidade como um desafio constante e diário, deixando-se levar pelas adversidades com carinho e atenção, sem nos opor a elas, a fim de que a felicidade brote pela nossa intenção, por amor, doação e dedicação.

A coragem de ser feliz aqui é tão simples quanto complexa e você só irá descobrir o real sentido de viver se deixar acontecer. Eu já deixei, já me entreguei, mas já vacilei também, algumas vezes. E isso faz parte, conforme os autores explicam. Mas o que eles enfatizam, principalmente, é que, assim como a filosofia nos ensina a pensar, devemos também indagar sobre nossos verdadeiros sonhos e aprender a persistir para realizá-los, sem romantizar o resultado que queremos. Pois ele se dará de qualquer forma, não pelo “destino”, mas por fruto das nossas escolhas. Ou pela falta delas…

Esta obra é a continuação de outro grande sucesso, A coragem de não agradar, que vendeu mais de 3,5 milhões de livros. A ideia dos autores foi abordar, num diálogo entre amigos, sobre questões comuns da nossa vida, situações e problemas que enfrentamos no dia a dia, buscando interpretar e achar soluções, em cima de teorias de outro grande psicólogo: Alfred Adler. Usando uma linguagem fácil de ser entendida, os autores focam no âmbito escolar como exemplo para explicar as questões trazidas pelo educador, confuso, em busca de respostas. Mas, sem que ele perceba, o filósofo vai entrando num campo que parece ser a resposta que ele procura, mas sem saber como chegar lá: a felicidade.

A sabedoria do filósofo vai mostrar, por meio da psicologia adleriana, o que é realmente felicidade e como podemos identificá-la e aproveitá-la da melhor forma. Vai falar sobre a infância, onde tudo começa, os desejos dos pais influenciando na formação da personalidade dos filhos, os medos que nos impedem de crescer, até chegar ao ponto principal: educar para a vida. Ou seja, aprender a tomar as próprias decisões para ser independente e seguir o próprio caminho. Em outras palavras, ser autossuficiente. E qual o primeiro passo para chegar lá? O respeito.

Sempre soube que para ser feliz é preciso ter (muita) coragem. Agora, aprendi que o segredo da felicidade é manter a "chama" da coragem sempre acesa. O diálogo que se passa nessa história dura apenas uma noite, mas traz lições para toda a vida…

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