O Alienista OU O alienado?

Curiosa por obras de filosofia, religião e autoajuda, hoje vou falar sobre um livro que já li e reli recentemente, por achar o tema atual e contemporâneo, considerando a data de seu lançamento (1882). O Alienista é um livro muito interessante porque fala sobre a adversidade humana na visão de Machado de Assis.
A capa do livro (na foto acima) exemplifica bem o tema desse post. Alienista era o nome dado ao médico psiquiatra da época e alienado, o paciente. Mas quem era, afinal, o alienado em questão?
A obra traz uma nova visão sobre a questão do autoconhecimento, narrando de forma irônica a saga do Dr. Bacamarte na análise do comportamento humano através do estudo de seus pacientes. Em busca de um padrão, ele passa a julgar todos pela conduta e, se considerados loucos, são levados para estudo em uma espécie de manicômio. À medida que o tratamento avança, o médico vai se tornando obcecado em provar sua teoria. Entretanto, o que ele não esperava é que os desvios de personalidade de seus pacientes não formavam um padrão. Ao contrário, a maioria das pessoas tinha defeitos e manias pessoais que as tornavam únicas. E, se a maioria era assim, seriam eles loucos ou normais? Logo, surgiu outra questão: era mais provável que o louco fosse uma pessoa de boa conduta e bom caráter? A partir daí, ele passa a estudar os casos “normais” da cidade. Porém, não encontrando novamente nenhum padrão, resolve estudar a si mesmo, pois julgava-se o único dotado de uma personalidade perfeita, sendo, portanto, o único "anormal" da cidade. Com isso, o autor nos mostra que as características que o médico julgava essenciais para definir uma mente saudável, não eram exatamente sinônimos de uma pessoa normal, e que ser normal pode ser mais complexo do que se imagina. Ter defeitos não é sinônimo de desequilíbrio. Faz parte da natureza humana, assim como uma personalidade perfeita talvez seja uma raridade, a meu ver. Acredito que, no fim, o alienista tornou-se o próprio alienado, obstinado e insatisfeito em aceitar as diferenças humanas por irem contra suas convicções.
É como diz aquele ditado: de médico e louco todo mundo tem um pouco… :)

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