MAXIMODA 2016 - Seminário de Business de Moda
foto: Mag Ribeiro no Maximoda2016
No dia 18 de agosto, participei do 9º Seminário de Business de Moda do Nordeste, o Maximoda 2016. Foi um dia de encontros, bate-papos e muita informação de moda, que compartilho agora com vocês.
PALESTRA COM VITORINO CAMPOS - DIRETOR CRIATIVO DA ANIMALE
foto: Maximoda2016/Galeria por Márcia Travessoni
O diretor criativo da Animale falou, inicialmente, de sua marca, a Vitorino Campos. Graduado em Design de Moda pela Universidade de Salvador – Brasil, Vitorino Campos criou sua marca homônima em 2008 e entrou para o calendário oficial de moda brasileira - SPFW - em junho de 2012. O cuidado com o acabamento, além do olhar e da sensibilidade com a costura, são suas marcas registradas. Para ele, a prática é uma coisa muito importante e, assim como em todo negócio, é preciso ter uma busca e dedicação muito grande, trabalhar 24 horas, dormir tarde, ler muito e buscar informações pra lhe direcionar. "Se você sente e acredita no que faz, só você é capaz de fazer esse sonho acontecer", complementa o estilista.
foto: Site Vitorino Campos/ F/W 2016
A simplicidade é o ponto alto da sofisticação de Vitorino Campos. O trabalho é reflexo da seriedade e do desenvolvimento primoroso de peças no prêt-à-porter e sob medida, sempre com componentes de altíssima qualidade. São roupas para mulheres reais, mas com projeção no desejo, somando inteligência e suavidade. O estilista pontua que vem construindo uma modelagem em evolução. E que vê no tecido uma ferramenta de passagem do tempo. Sendo assim, estuda e pesquisa novas tramas para suas coleções em desenvolvimento e o seu estilo contemporâneo.
Vitorino Campos para a Animale/ foto: Lucas Assis e Paula Reis
Em paralelo, Vitorino também divide seus conhecimentos como Diretor criativo da Animale desde 2014, iniciando com um desfile de abertura no 38º SPFW com o tema "Rota da Seda". No mesmo evento, o estilista também desfilou com sua marca própria.
Recentemente, o grupo Animale comprou 30% de sua marca pra facilitar seu deslocamento e desempenho nas duas marcas.
Como ele mesmo se define, Vitorino é extremamente exigente e participa de todos os processos. Verifica costuras, botões, acompanha o processo produtivo, as campanhas, os desfiles etc. Isso fez com que, muitas vezes, ele pensasse em desistir. Foi quando contou com o apoio de uma amiga que acabou se tornando também uma grande parceira, assumindo toda a parte administrativa da marca.
Recentemente, o grupo Animale comprou 30% de sua marca pra facilitar seu deslocamento e desempenho nas duas marcas.
Como ele mesmo se define, Vitorino é extremamente exigente e participa de todos os processos. Verifica costuras, botões, acompanha o processo produtivo, as campanhas, os desfiles etc. Isso fez com que, muitas vezes, ele pensasse em desistir. Foi quando contou com o apoio de uma amiga que acabou se tornando também uma grande parceira, assumindo toda a parte administrativa da marca.
A dica que Vitorino nos deixou foi: "Viva a vida real. Use outros mecanismos de comunicação, como vídeos e fotografia. Trabalhe sempre em equipe. Mude constantemente. A mudança é importante. Você ão pode ser fechar dentro de um processo. E, por fim, tenha sempre o cuidado com a manufatura das peças."
PALESTRA COM RAPHAEL COSTA - SÓCIO DA LIVO
foto: Maximoda2016/Galeria por Márcia Travessoni
Quando começaram o negócio, eles tinham tudo, como um produto de qualidade, de tendência, mas isso não era suficiente. "Tudo isso é esperado, claro, mas não adiantava ser só isso", explicou o diretor criativo da Livo que é preciso ter alma, ter razão de ser. "É a razão pelo que você acorda todo dia e vai fazer o que você quer fazer. Se você não tem isso alinhado, o consumidor não vai entender o que você quer propor."
Raphael é designer, mas nunca tinha desenhado um óculos. Ele acredita que a criatividade é uma coisa que transcende um pouco a parte técnica do negócio. Criar fórmulas, fazer um design ideal para o rosto do brasileiro é essencial, mas, fora isso, inspiração é tudo. "A gente começa em algo que não precisa ser específico. A gente sempre busca primeiro a inspiração de produto, como para quem estou desenhando. Eu tenho a mulher que representa a Livo, as crenças e tento traduzir a partir daí", explicou Raphael, acrescentando que o propósito de marca é a verdadeira razão do porquê uma marca existe.
O produto Livo tem uma grande qualidade. A marca tem uma fábrica onde tudo é feito à mão, por um processo super artesanal. A empresa também faz parcerias com diversas marcas, como Cris Barros, Reserva e Vert. A mensagem que ele nos deixou foi: "Comece um negócio com base no que você acredita. Comece com esse propósito e o resto acontece." E a gente agradece, Raphael!
PERGUNTAS PARA OS PALESTRANTES:
1 - Como fazer com que as pessoas reconheçam que seu produto é um artigo de luxo e que seja justo?
VITORINO CAMPOS - "Hoje, falar sobre luxo é um grande estudo. Dentro da VC eu fiz uma camiseta de plástico com calça sem botão que as pessoas classificaram como produto de luxo. Na Animale, um produto de R$ 25,00 o metro, o cliente classifica como produto de luxo. A ideia também é um luxo. O processo de ter o cuidado, preocupação com o produto é se as pessoas estão percebendo isso. Um trabalho autoral já pressupõe que o produto é de luxo, porque é exclusivo, conceitual e único.
Tenha certeza de que, se você está se propondo a ter um produto exclusivo de luxo, você precisa cuidar de tudo que acompanha o produto, como EMBALAGEM etc."
2 - Qual a dica pra abrir a própria marca?
VC - "Coragem!!!" (Risos e aplausos)
"É difícil. É muito louco! Você precisa realmente ter uma vontade, paixão, tem que ser, além de marca, seu espelho, ter dedicação, porque o início é muito difícil. Você vai pensar em desistir todas as vezes, o tempo todo, mas se isso for uma grande verdade pra você, vai dar certo. Mas você precisa ter uma dedicação muito absurda. É como um estágio em uma marca que tem uma barreira e você não enxerga essa barreira. Tudo dá errado, só escuridão. Mas, depois que você pula essa barreira, as coisas começam a acontecer, o tempo é muito importante pra isso acontecer. As coisas vão acontecendo a seu tempo e você fazendo sua parte."
Raphael - "Se prepare! É o conjunto dos três sócios que dá a dinâmica da marca. Tínhamos 50 mil reais em caixa na empresa e o estoque da coleção recente. Procuramos investidor, levantar grana. Três pessoas com ideias, pensamentos iguais e diferentes, onde cada um dá sua opinião, contrária ou não. E aconteceu a loja da Oscar freire. Se ela não tivesse dado certo, teria sido um fracasso. Mas ela deu. Acabou o estoque e o problema foi repor. O retorno disso vem de construir um conceito e torná-lo algo possível, viável. O retorno de usar a imprensa não é o mais importante, ele às vezes é muito caro, pra fotografar com pessoas caras e o cara gastar tudo com top modelo etc., pq acha que essas coisas vão dar repercussão. Eu não acredito nisso. Esse dinheiro pode ser gasto em outras coisas que podem dar um resultado muito maior. A assessoria de imprensa é importante, mas você precisa ter seu conceito definido pras pessoas entenderem e se apaixonarem. Não necessariamente massificando."
VC - "A Animale tem orçamento para as campanhas. Na próxima, estou indo para outro caminho. Já usamos o Mário Testino, mas dessa vez reuni três fotógrafos muito bons. Foi um trabalho mais difícil, claro, que trabalhar com o Mário. Para a Animale, foi mais difícil, mas eu quis passear por esse caminho. Na Vitorino Campos, como eu faço esse trabalho mais experimental, têm os fotógrafos que querem fazer com a gente, que gostam, pela essência do trabalho. A gente está fazendo um grupo, e o Vini (stylist) dá palpite, diz que não gostou etc. A campanha é mais experimental. Não tem orçamento, é zero. Não fazemos anúncio."
3 - Como lidar com a pirataria?
Raphael - "Crie mais coisas mais rápido. Tenha mais ideias mais rápido. Você fez um óculos, tá vendendo bem, mas tem que fazer outro, porque amanhã alguém vai copiar e a gente vai perder a "onda". Precisa mostrar o que vai ser interessante mais pra frente. Quando eu vejo que está vendendo muito, de fato eu tenho que tirar, porque estou vendo que vai ser copiado."
VC - "Na Vitorino, tenho somente 60 modelos, então não tem esse problema de cópia. É uma coleção pequena. Mas a estamparia é um problema. O caimento da roupa não conseguem copiar, porque tem que ter um estudo de modelagem etc, mas a estampa é fácil de copiar. A gente sempre procura fazer estampas totalmente desenhadas à mão pra evitar isso, fazer algo bem fora disso pra evitar isso. Todo esse cuidado faz uma grande diferença. Isso não compromete em termos de venda. É uma pena, é triste, mas isso não compromete nosso produto."
Raphael - "Nós temos muito enraizado aqui que tudo que é bom vem de fora, porque isso vem desde o período colonial, onde tudo vinha de fora. O Brasil virou a bola da vez nos últimos anos e tem gente que acredita agora. Antes, os investidores achavam que a gente era maluco, que brasileiro não valorizava nada do próprio país. Mas isso está mudando. Eu gosto das coisas, independente de onde elas são, eu gosto da razão de ser daquele produto. Pessoas que sabem fazer as coisas."
4 - O que vocês acham das blogueiras de moda? São formadoras de opinião?
Raphael - "Não acredito em pagar posts. A gente não faz isso. Isso pode funcionar para outras marcas, mas pra gente não. A nossa proposta é alinhar nossa marca ao nosso cliente. A gente faz uma troca com nossa assessoria de imprensa. Eu tento não incentivar como negócio promover uma imagem sem significado. Essa é maior preocupação que a gente tem."
VC - "Quando o blog vira uma moeda de troca, porque o post custa tal valor, não acredito nesse trabalho, não tem uma verdade."
5 - Qual a maior dificuldade no E-commerce?
Raphael - "É a mesma "tecla" que bato sempre, entender que ninguém vai visitar seu site se você não pagar pelo tráfego. E encontrar uma maneira inteligente para trazer o cliente."
VC - "Como o produto deve ser mostrado é importante também. Cuidado de apresentar o produto, o caimento, mostrar isso numa foto, que é bem difícil também. Na Vitorino Campos, as pessoas se identificam com a marca, desejam usar. Eu crio livremente sem interferências de ninguém. Todas as roupas do desfile são remodeladas para a mulher brasileira. Depois que sai do desfile, a modelagem é toda refeita. É uma preocupação minha, não cobrança, mas preocupação minha de despertar o desejo."
6 - Vocês têm uma equipe de estilo?
Raphael - "Eu tenho outras pessoas que trabalham comigo, assistindo, mas eu trabalho sozinho para fazer as coleções. Diferente da roupa, o óculos é uma matéria-prima que eu preciso encontrar, demora muito, precisa pesquisar. O resto é definido na fábrica, com cores, definição de pintura etc."
VC - "Hoje, trabalho com pessoas o tempo todo. Pessoas que coordenam e vão dando segmento à cada coleção. Tem pessoas que entram na sala com coleção de verão para eu aprovar, depois sai e entra a de inverno e depois vem outra que eu nem sei mais qual temporada é. " (risos) "A minha regra é não ter regra. Se eu acredito na mudança, eu acredito que essa é minha identidade."
7 - Como a identidade nordestina passa por seu trabalho nessa visão global?
VC - "Existe um trabalho literal e um trabalho de se inspirar onde você está. Meu trabalho não é literal, pois ele me inspira. O mar, o pôr do sol da Bahia, onde nasci, me inspirou numa coleção e levei isso pra marca. Como você interpreta isso, é a grande sacada. Como isso mexe comigo e minhas verdades."
O produto Livo tem uma grande qualidade. A marca tem uma fábrica onde tudo é feito à mão, por um processo super artesanal. A empresa também faz parcerias com diversas marcas, como Cris Barros, Reserva e Vert. A mensagem que ele nos deixou foi: "Comece um negócio com base no que você acredita. Comece com esse propósito e o resto acontece." E a gente agradece, Raphael!
PERGUNTAS PARA OS PALESTRANTES:
1 - Como fazer com que as pessoas reconheçam que seu produto é um artigo de luxo e que seja justo?
VITORINO CAMPOS - "Hoje, falar sobre luxo é um grande estudo. Dentro da VC eu fiz uma camiseta de plástico com calça sem botão que as pessoas classificaram como produto de luxo. Na Animale, um produto de R$ 25,00 o metro, o cliente classifica como produto de luxo. A ideia também é um luxo. O processo de ter o cuidado, preocupação com o produto é se as pessoas estão percebendo isso. Um trabalho autoral já pressupõe que o produto é de luxo, porque é exclusivo, conceitual e único.
Tenha certeza de que, se você está se propondo a ter um produto exclusivo de luxo, você precisa cuidar de tudo que acompanha o produto, como EMBALAGEM etc."
2 - Qual a dica pra abrir a própria marca?
VC - "Coragem!!!" (Risos e aplausos)
"É difícil. É muito louco! Você precisa realmente ter uma vontade, paixão, tem que ser, além de marca, seu espelho, ter dedicação, porque o início é muito difícil. Você vai pensar em desistir todas as vezes, o tempo todo, mas se isso for uma grande verdade pra você, vai dar certo. Mas você precisa ter uma dedicação muito absurda. É como um estágio em uma marca que tem uma barreira e você não enxerga essa barreira. Tudo dá errado, só escuridão. Mas, depois que você pula essa barreira, as coisas começam a acontecer, o tempo é muito importante pra isso acontecer. As coisas vão acontecendo a seu tempo e você fazendo sua parte."
Raphael - "Se prepare! É o conjunto dos três sócios que dá a dinâmica da marca. Tínhamos 50 mil reais em caixa na empresa e o estoque da coleção recente. Procuramos investidor, levantar grana. Três pessoas com ideias, pensamentos iguais e diferentes, onde cada um dá sua opinião, contrária ou não. E aconteceu a loja da Oscar freire. Se ela não tivesse dado certo, teria sido um fracasso. Mas ela deu. Acabou o estoque e o problema foi repor. O retorno disso vem de construir um conceito e torná-lo algo possível, viável. O retorno de usar a imprensa não é o mais importante, ele às vezes é muito caro, pra fotografar com pessoas caras e o cara gastar tudo com top modelo etc., pq acha que essas coisas vão dar repercussão. Eu não acredito nisso. Esse dinheiro pode ser gasto em outras coisas que podem dar um resultado muito maior. A assessoria de imprensa é importante, mas você precisa ter seu conceito definido pras pessoas entenderem e se apaixonarem. Não necessariamente massificando."
VC - "A Animale tem orçamento para as campanhas. Na próxima, estou indo para outro caminho. Já usamos o Mário Testino, mas dessa vez reuni três fotógrafos muito bons. Foi um trabalho mais difícil, claro, que trabalhar com o Mário. Para a Animale, foi mais difícil, mas eu quis passear por esse caminho. Na Vitorino Campos, como eu faço esse trabalho mais experimental, têm os fotógrafos que querem fazer com a gente, que gostam, pela essência do trabalho. A gente está fazendo um grupo, e o Vini (stylist) dá palpite, diz que não gostou etc. A campanha é mais experimental. Não tem orçamento, é zero. Não fazemos anúncio."
3 - Como lidar com a pirataria?
Raphael - "Crie mais coisas mais rápido. Tenha mais ideias mais rápido. Você fez um óculos, tá vendendo bem, mas tem que fazer outro, porque amanhã alguém vai copiar e a gente vai perder a "onda". Precisa mostrar o que vai ser interessante mais pra frente. Quando eu vejo que está vendendo muito, de fato eu tenho que tirar, porque estou vendo que vai ser copiado."
VC - "Na Vitorino, tenho somente 60 modelos, então não tem esse problema de cópia. É uma coleção pequena. Mas a estamparia é um problema. O caimento da roupa não conseguem copiar, porque tem que ter um estudo de modelagem etc, mas a estampa é fácil de copiar. A gente sempre procura fazer estampas totalmente desenhadas à mão pra evitar isso, fazer algo bem fora disso pra evitar isso. Todo esse cuidado faz uma grande diferença. Isso não compromete em termos de venda. É uma pena, é triste, mas isso não compromete nosso produto."
Raphael - "Nós temos muito enraizado aqui que tudo que é bom vem de fora, porque isso vem desde o período colonial, onde tudo vinha de fora. O Brasil virou a bola da vez nos últimos anos e tem gente que acredita agora. Antes, os investidores achavam que a gente era maluco, que brasileiro não valorizava nada do próprio país. Mas isso está mudando. Eu gosto das coisas, independente de onde elas são, eu gosto da razão de ser daquele produto. Pessoas que sabem fazer as coisas."
4 - O que vocês acham das blogueiras de moda? São formadoras de opinião?
Raphael - "Não acredito em pagar posts. A gente não faz isso. Isso pode funcionar para outras marcas, mas pra gente não. A nossa proposta é alinhar nossa marca ao nosso cliente. A gente faz uma troca com nossa assessoria de imprensa. Eu tento não incentivar como negócio promover uma imagem sem significado. Essa é maior preocupação que a gente tem."
VC - "Quando o blog vira uma moeda de troca, porque o post custa tal valor, não acredito nesse trabalho, não tem uma verdade."
5 - Qual a maior dificuldade no E-commerce?
Raphael - "É a mesma "tecla" que bato sempre, entender que ninguém vai visitar seu site se você não pagar pelo tráfego. E encontrar uma maneira inteligente para trazer o cliente."
VC - "Como o produto deve ser mostrado é importante também. Cuidado de apresentar o produto, o caimento, mostrar isso numa foto, que é bem difícil também. Na Vitorino Campos, as pessoas se identificam com a marca, desejam usar. Eu crio livremente sem interferências de ninguém. Todas as roupas do desfile são remodeladas para a mulher brasileira. Depois que sai do desfile, a modelagem é toda refeita. É uma preocupação minha, não cobrança, mas preocupação minha de despertar o desejo."
6 - Vocês têm uma equipe de estilo?
Raphael - "Eu tenho outras pessoas que trabalham comigo, assistindo, mas eu trabalho sozinho para fazer as coleções. Diferente da roupa, o óculos é uma matéria-prima que eu preciso encontrar, demora muito, precisa pesquisar. O resto é definido na fábrica, com cores, definição de pintura etc."
VC - "Hoje, trabalho com pessoas o tempo todo. Pessoas que coordenam e vão dando segmento à cada coleção. Tem pessoas que entram na sala com coleção de verão para eu aprovar, depois sai e entra a de inverno e depois vem outra que eu nem sei mais qual temporada é. " (risos) "A minha regra é não ter regra. Se eu acredito na mudança, eu acredito que essa é minha identidade."
7 - Como a identidade nordestina passa por seu trabalho nessa visão global?
VC - "Existe um trabalho literal e um trabalho de se inspirar onde você está. Meu trabalho não é literal, pois ele me inspira. O mar, o pôr do sol da Bahia, onde nasci, me inspirou numa coleção e levei isso pra marca. Como você interpreta isso, é a grande sacada. Como isso mexe comigo e minhas verdades."
foto: Maximoda2016/Galeria por Márcia Travessoni
Assim como eles, o curso também me levou a trilhar esse caminho. Entrei com a ideia de aplicar gestão no mercado onde atuo profissionalmente e saí com a visão de empreendedorismo. O curso nos instiga a isso. E foi decisivo na minha formação. Estou na torcida pelo sucesso deles e do meu também!
PALESTRA COM PAULO PEDO - DIRETOR DE OPERAÇÃO DA MELISSA
foto: Maximoda2016/Galeria por Márcia Travessoni
Paulo Pedo tem 22 anos de Grendene e 18 anos liderando a marca. Seu trabalho é tentar resgatar a arte de fazer negócios. Como? "Conversando com padeiro, feirante,
camelô. Você vai ver que tem muita arte ali. E as escolas de moda estão buscando
isso. Tudo isso tem a ver com pessoas e como a gente consegue através das
pessoas criar uma emoção positiva. Essa é a única forma de criar isso." Paulo Pedo
A Melissa nasceu em 1979. É a primeira grande marca da Grendene. Era um produto masculino e utilitário. Tinha função ligada à questão de waterproof e proteger o pé no mar do Mediterrâneo, onde as praias têm muitas pedrinhas. O modelo spider ou aranha foi o primeiro modelo e mais conhecido da marca.
A Melissa foi febre nos anos 1980, na época da novela Dancing Days e, rapidamente, virou ícone no Brasil. Porém, o histórico de venda dela era preocupante. Quando o sapato de plástico estava na moda, ela vendia muito. Quando não estava na moda, as vendas despencavam. Ela era muito ligada ao cenário da moda e isso preocupava.
A Melissa nasceu em 1979. É a primeira grande marca da Grendene. Era um produto masculino e utilitário. Tinha função ligada à questão de waterproof e proteger o pé no mar do Mediterrâneo, onde as praias têm muitas pedrinhas. O modelo spider ou aranha foi o primeiro modelo e mais conhecido da marca.
A Melissa foi febre nos anos 1980, na época da novela Dancing Days e, rapidamente, virou ícone no Brasil. Porém, o histórico de venda dela era preocupante. Quando o sapato de plástico estava na moda, ela vendia muito. Quando não estava na moda, as vendas despencavam. Ela era muito ligada ao cenário da moda e isso preocupava.
Em 1998 começaram a perceber isso e mudaram todo o processo da marca. Começaram a trabalhar outro conceito, ao invés dos 4Ps (Preço, Praça, Produto e Promoção), o Civa, voltado para o consumidor. Os 4 Ps falam de produto, o Civa de solução. Informação ao invés de comunicação. A informação é muito mais importante que a propaganda. Antes, tudo se resolvia com uma boa verba e espaço na mídia. Hoje, você precisa ter diálogo com o consumidor. Hoje, ele não compra um produto porque viu numa tv ou revista. A indicação por um amigo tem um valor muito maior. O preço se torna um reflexo do valor do produto. O valor é mais importante que o preço. O valor depende do momento, da situação, do cenário.
Ao invés de praça, devemos focar no acesso aos produtos, independente da forma de contato. Aí, entra o e-commerce, a galeria onde o acesso é mais abrangente. Então, mudamos todo o composto pra chegar a isso.
O diretor trabalha com três pilares que sustenta a marca Melissa:
- Moda como autêntica expressão pessoal de comportamento;
- Arte, porque a arte é o tempero da vida, aquilo que só os humanos conseguem fazer;
- Design, que talvez seja a mais autêntica ferramenta de qualquer tipo.
Não só o
design estético ou funcional, mas de qualquer coisa. Por exemplo, o seu design como
profissional é você se desenhar para o mercado. O seu design como estratégia bem
desenhada, pode ser utilizado o design como ferramenta para isso. Enfim, é uma
ferramenta de solução de problema.
Tradicão: a Melissa é uma marca de mais de 30 anos. Todos têm respeito por ela.
Contemporaneidade: precisamos nos reinventar todo dia para gerar emoção. O que mais importa hoje para a marca é falar com o coração das pessoas. Todo o trabalho é para buscar momentos inesquecíveis, para gerar um valor emocional nas pessoas.
Pessoas: tudo se resume a pessoas. E só pessoas têm emoções. É isso que procuram trabalhar com a marca.
Informação: o consumidor quer informação de diálogo. Isso vai além de anúncio de página dupla de uma revista. Claro que isso importa, mas além disso, um diálogo com as consumidoras, fazendo trocas que resultam em novas posições ou novas possibilidades, ao mesmo tempo em que funcionam no mercado como uma expressão.
Storytelling: contar uma história. O consumidor quer saber a história da sua marca. Existe a
verdade e a versão romantizada. (Ele pergunta qual preferimos ouvir.)
Melissa é um nome bonito para uma mulher que o fundador escolheu numa lista de possíveis nomes para a marca. Esta é a verdade. A parte romantizada é: a Melissa era uma deusa grega que adorava abelhas e isso remete à doçura...
Melissa é um nome bonito para uma mulher que o fundador escolheu numa lista de possíveis nomes para a marca. Esta é a verdade. A parte romantizada é: a Melissa era uma deusa grega que adorava abelhas e isso remete à doçura...
O consumidor quer ouvir histórias, de onde vêm as coisas. Ele busca uma experiência emocional. O valor que resulta disso vale muito mais que uma relação comercial. "Experiências emocionais valem mais do que relações comerciais", complementa Paulo.
Posicionamento: a Melissa está nas Galerias Lafayette em Paris, em lojas em Londres, Miami etc. Lojas que são boutiques que diz que, se você está com um produto ali, você faz parte de um grupo relevante, do ponto de vista de passar uma mensagem, ter acesso. Isso agregou valor à marca.
A solução que o consumidor buscava na época era algo além de um sapato de plástico, além de um design ou expressão de arte. Daí, veio todo o reposicionamento de marca.
foto: Maximoda2016/Galeria por Márcia Travessoni
Consolidação da marca: Respeito é amor. Quanto mais respeito você tiver, maior sua consolidação. Tem a ver com tradição, conhecimento de marca e aspectos mais técnicos de marca. Amor é a relação emocional que as pessoas têm com a marca. Uma marca com alto respeito e pouco amor, como a Gillete, Boing, são grandes marcas, mas não falam com o coração. Uma marca que tem baixo respeito e baixo amor é considerada uma commodities. Uma marca com baixo respeito e alto amor não tem respeito. Começam, mas fecham. Moda passageira que não é sustentável.
As marcas que têm amor muito grande e tem respeito pela marca, são marcas que chamamos Lovemarks. Hoje a Melissa, a Apple, a Animale, são marcas que falam com o coração das pessoas. Essas marcas têm mais do que consumidores, têm fãs que advogam pela marca, falam na internet, criticam, porque se importam com a marca. Na consolidação também é importante ter lojas exclusivas de Melissa. Para isso, a empresa criou a franquia Jelly que vendia produtos Melissa. Quando isso se consolidou, ela criou as franquias Clube Melissa. As Jelly agora são assim. Mais de 42 lojas. Além disso, trabalham multicanais de distribuição on line no Brasil, Estados Unidos, Londres e Itália. São lojas virtuais que vêm crescendo absurdamente ano a ano. Além disso, o case Galeria Melissa é um orgulho da marca. Fica em São Paulo.
INTERNACIONALIZAÇÃO
Quando esse trabalho se consolidou no Brasil, decidiram exportar. Exportar mais do que produtos, mas uma marca, um lifestyle. Como começou? Levando o que era deles para fora. A Melissa, apesar de ser do Brasil, é uma marca internacional. Então, tentam fugir do estereótipo brasileiro. Buscam vender uma marca com o DNA do Brasil, como o alto astral, o bom humor, o colorido, a capacidade de se reinventar nas adversidades, mas procuram levar isso, e não estereótipos como futebol, carnaval, "bumbum"... A empresa escolheu duas cidades nos Estados Unidos. Na Europa foi Milão, Paris e Londres e, na Ásia, Tóquio. Hoje, é uma marca internacional nascida no Brasil.
COLABORADORES
A Melissa tem tanto parceiros internacionais como nacionais, exportando uma economia criativa brasileira. Sempre com colaboradores ligados à moda, arte ou design. Isso é o tripé. A Melissa gosta muito do surf, mas, se não tiver algo ligado à moda, design ou arte, a Melissa não vai investir. Se não tiver essência, trabalham com marca, produto sem ter um algo mais definido. Dando voltas. É preciso ter essência. No fundo, a marca faz algo para conectar as pessoas.
(Vídeo sobre Sebastian que criou uma coleção e a Melissa produziu dois sapatos dele)
Para Sebastian, o mais interessante é descobrir por si só o que tem ao
seu redor, como Nova York. "Quem faz moda não fala de moda, fala de arte e de
outros assuntos e expressa moda. Melissa pode se tornar expressão."
(Vídeo parceria Melissa com Jeremy Scott, que também fala de pessoas e emoções)
foto: Site melissa.com.br
(Vídeo com Vitorino Campos, que fez uma parceria, lançando uma bolsa e dois sapatos)
(Vídeo parceria Melissa com Jeremy Scott, que também fala de pessoas e emoções)
foto: Site melissa.com.br
(Vídeo com Vitorino Campos, que fez uma parceria, lançando uma bolsa e dois sapatos)
Novos lançamentos vêm por aí.
As parcerias ou colaborações não são licenciamentos. O produto que resulta da parceria nem é da Melissa nem do estilista, mas uma nova marca que surge que chama Melissa+Vivienne Westwood, por exemplo. O conjunto faz todo o sentido.
Pop-up Shop: são lojas temporárias feitas pelos consumidores.
A vida e a renovação da marca passa pelas pessoas: o time de colaboradores da Melissa tem mais de 10 anos de empresa e são apaixonados pelo que fazem. É isso que faz uma marca ter uma alma. É trabalhar com as pessoas e para as pessoas. Não existe diferença entre clientes e colaboradores. O que eu faço e como faço cria uma experiência que revela o nosso propósito que chama isso de nossa marca. Marca e cultura são a mesma coisa. Só isso pode produzir fãs.
Projeto Influencers de Curitiba. (Vídeo roller ball e de rua)
Projeto de Salvador. (Vídeo de rua)
Inspiração: o público que inspira a marca é o jovem contemporâneo global, principalmente o urbano, das grandes cidades.
A questão do manual está muito em uso. Os projetos das makers, creators vem com essa proposta do personalizado, único.
Matéria-prima: o produto Melissa é feito 100% de plástico. Não tem nada de origem animal. Tem muito a ver com a tendência do veganismo.
Cheirinho Melissa: o cheirinho Melissa é o mesmo desde que foi criado. Nos Estados Unidos, você pode registrar uma marca olfativa. O cheiro da Melissa já é registrado no mercado americano. No Brasil, ainda está em processo pelo INPI. A origem do cheiro está associada à questões técnicas. O material PVC de plástico não tem um cheiro muito bom e eles precisaram desenvolver uma fórmula para mudar isso. E continua a ser usado até hoje, se tornando essência da marca. "A Melissa é o único sapato no mundo que se experimenta antes no nariz", conclui Paulo, arrancando risos da platéia.
E uma curiosidade: no início da palestra, o auditório estava todo perfumado. Segundo Paulo, eles usam um spray em todos os eventos da Melissa para que possamos ter essa experiência sensorial, enquanto falamos da marca. Uma jogada de marketing simples e agradável...
As parcerias ou colaborações não são licenciamentos. O produto que resulta da parceria nem é da Melissa nem do estilista, mas uma nova marca que surge que chama Melissa+Vivienne Westwood, por exemplo. O conjunto faz todo o sentido.
Pop-up Shop: são lojas temporárias feitas pelos consumidores.
A vida e a renovação da marca passa pelas pessoas: o time de colaboradores da Melissa tem mais de 10 anos de empresa e são apaixonados pelo que fazem. É isso que faz uma marca ter uma alma. É trabalhar com as pessoas e para as pessoas. Não existe diferença entre clientes e colaboradores. O que eu faço e como faço cria uma experiência que revela o nosso propósito que chama isso de nossa marca. Marca e cultura são a mesma coisa. Só isso pode produzir fãs.
Projeto Influencers de Curitiba. (Vídeo roller ball e de rua)
Projeto de Salvador. (Vídeo de rua)
Inspiração: o público que inspira a marca é o jovem contemporâneo global, principalmente o urbano, das grandes cidades.
A questão do manual está muito em uso. Os projetos das makers, creators vem com essa proposta do personalizado, único.
Matéria-prima: o produto Melissa é feito 100% de plástico. Não tem nada de origem animal. Tem muito a ver com a tendência do veganismo.
Cheirinho Melissa: o cheirinho Melissa é o mesmo desde que foi criado. Nos Estados Unidos, você pode registrar uma marca olfativa. O cheiro da Melissa já é registrado no mercado americano. No Brasil, ainda está em processo pelo INPI. A origem do cheiro está associada à questões técnicas. O material PVC de plástico não tem um cheiro muito bom e eles precisaram desenvolver uma fórmula para mudar isso. E continua a ser usado até hoje, se tornando essência da marca. "A Melissa é o único sapato no mundo que se experimenta antes no nariz", conclui Paulo, arrancando risos da platéia.
E uma curiosidade: no início da palestra, o auditório estava todo perfumado. Segundo Paulo, eles usam um spray em todos os eventos da Melissa para que possamos ter essa experiência sensorial, enquanto falamos da marca. Uma jogada de marketing simples e agradável...











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