Somos felizes ou ressentidos?
Ressentidos são pessoas que passam a vida buscando não sentir o que a vida é: falta de sentido, indiferença, incerteza, sofrimento ou o que os psicanalistas chamam de “falta”.

Desde que o mundo assistiu, em conjunto, à maior paralisação e luta pela sobrevivência, causada pela epidemia de COVID, comecei a mudar minha maneira de pensar e agir, a fim de encontrar um caminho para me adaptar a essa nova realidade. Mudei de cidade, respirei novos ares e criei novos hábitos que, além de me salvarem durante meus dias de isolamento, me fizeram enxergar esse momento com esperança e fé.

Foi assim que descobri o prazer de ler. Já que não podia sair de casa nem fazer amizades, encontrei na leitura grandes autores que me ajudaram a passar pelo pior momento da minha vida. Graças a Deus, também fui salva por eles - filósofos, historiadores, padres, pastores -, autores que me trouxeram algum alento.
Em 2021, li em média 30 livros de diferentes temas, todos com propósitos de superação, aprendizado e autoconhecimento. Este ano, pretendo bater essa meta, alcançando 36. Quem sabe…

Hoje trago um resumo de uma leitura que fala um pouco sobre a era das trevas, e não é sobre a pandemia... É a Era do ressentimento, uma crítica à sociedade atual que, na crença de viver a liberdade plena, acaba por aprisionar-se na liberdade de decidir pela própria vida.

De onde vem esse “delírio” de que o essencial são nossas demandas ao mundo e não o que o mundo é em si mesmo?
Nesta obra, o filósofo Luiz Felipe Podé faz várias analogias entre épocas passadas e atuais, destacando os prós e contras de cada momento, e movimento, sempre demonstrando que atualmente vivemos o pior deles.

Com humor ácido (mais ácido que Leandro Karnal) e algumas verdades duras, ele explica que o ser humano está sempre inventando modas, substituindo termos, mudando regras e criando novas para justificar suas escolhas, levando, enfim, o mundo a um verdadeiro caos social.
O casal secular tem filhos apenas como projeto pessoal.“Amamos” mais nossos filhos e de modo obsessivo. Mas esse “amor” é muito mais projeção de nossos desejos do que amor por eles. O amor do narcísico ressentido...

Temas polêmicos e movimentos, como o feminismo e o aborto - que ele apoia até certo ponto -, são alguns exemplos que fundamentam sua análise de que sim, somos mais livres, porém, mais escravos do que nunca! Escravos do corpo, do trabalho, da beleza, do consumo, da espiritualidade, do tempo… E o pior de tudo: somos escravos de nós mesmos…

Não conseguimos viver com a beleza porque ela desnuda nossa falta de beleza e aí ficamos ressentidos porque alguém é mais belo do que nós.

Espiritualidade nada tem a ver com cursos de três dias sobre sabedoria egípcia antiga... Mistura budismo com seres de outros planetas como quem mistura molhos de comida étnica.

Não há cura para uma verdade, apenas modos de enfrentá-la ou de evitá-la. A covardia contemporânea é nosso modo específico de evitar essa verdade íntima.

A Era do ressentimento fala do ser humano que olha para o próprio espelho, o Narciso ressentido que, não tendo como justificar suas frustrações - que são naturais e fazem parte da vida -, criam motivos e justificativas para explicar sua inconformidade e acalmar o próprio ego, criando movimentos, alterando leis, mudando comportamentos.

Uma leitura crítica e inteligente que nos convida a pensar se realmente estamos conseguindo aquilo que queremos ou se estamos, na verdade, nos afundando nos próprios ideais…



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