O Segredo da Felicidade

A felicidade costuma ser o desejo de todos nós. Por mais que duvidemos ou ignoremos, no fundo todos queremos ser felizes. A questão é que estamos sempre buscando encontrá-la como destino final, ao invés de vivenciá-la no dia a dia. No meu livro, Transforme sua vida em poesia, falo sobre como encontrei a felicidade, ou melhor, como ela me encontrou. Percebi que a felicidade estava constantemente ao meu lado, em cada passo que dava, em cada conquista alcançada. Às vezes, ela sumia. Durava um tempo. Mas logo reaparecia. Mais forte. Mais intensa. Foi então que percebi que o segredo não estava nela, mas em mim.


Para ter felicidade é preciso coragem. Coragem para sair do lugar, da inércia, e poder realizar sonhos. A vida me ensinou que a felicidade não é um ponto de chegada, mas um caminho que você vai construindo aos pedacinhos. Esses pedacinhos têm um nome: experiências. São elas que fazem a vida valer a pena. Mas como tudo que é bom dura pouco, a felicidade precisa ser buscada constantemente. Por isso, as experiências devem ser planejadas para termos o resultado que buscamos. E isso depende de cada um.

O que queremos conquistar? Que sonhos queremos realizar? Nos falta coragem? Temos medo de quê? Descobri que o medo sempre andou ao meu lado, mas nunca foi maior que a minha coragem. Pelo contrário, ele me ajuda a ter mais esperança e a seguir em frente, sempre atenta às adversidades que ora aparecem. Na verdade, o medo me dá mais coragem. Me ensina a temer com sabedoria. Sabedoria que adquiri com as experiências vividas. Experiências que me trouxeram felicidade. Tudo está relacionado...

A vida é como uma espécie de jornada ao desconhecido. Às vezes, temos a sensação de que nunca chegaremos lá. Mas realmente não vamos chegar, porque à medida que buscamos algo e realizamos, outro desejo criamos. E assim por diante...


No livro FELICIDADE, modos de usar, três grandes escritores e filósofos se encontram para debater o tema. Cada um, com suas experiências, resume de forma filosófica, como enxerga a felicidade e seus efeitos na vida cotidiana. Um livro consistente e necessário para esses tempos de grandes desafios.

O filósofo Luis Felipe Pondé compara a felicidade à realização de desejos e paixões. O psicanalista Christian Dunker faz uma análise semelhante e vai além, ao afirmar que “ realizar desejos custa caro”. Não só pela questão financeira de poder realizar nossos sonhos, mas principalmente pela frustração que criamos ao não realizá-los ou tentar evitá-los. Por isso é importante entender que a felicidade é passageira, dura menos do que esperamos e, por isso mesmo, anseamos tanto por ela. Porque passamos mais tempo convivendo com a dor e adversidades do que com a felicidade…

Realizar desejos pode parecer difícil, mas não é, desde que faça parte do nosso propósito de vida. Alguns nos trarão alegrias, outros lições de sabedoria ou até mesmo tristezas. Mas todos irão contribuir, de alguma forma, para a nossa felicidade. Tenho aprendido que inclusive a dor nos ensina alguma coisa. Aliás, como sugere Karnal, é na dor que percebemos a dimensão da felicidade. A dor do luto, da perda de um amor… Toda dor ensina o valor real das coisas e da vida.

No caminho que percorri pela vida, o segredo da felicidade estava o tempo todo ao meu lado, ou seja, nas experiências. Não falo de experiências aleatórias, causadas pela vida sem interferência pessoal. Falo de experiências planejadas, desejadas, para enfim se chegar a um propósito. Tudo começou a fazer sentido quando parei para observar mais e apreciar a felicidade nos instantes em que ela se fazia presente. Porque tinha consciência de que eram raros e de pouca duração.

É como aquela famosa frase: “Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?”. Eu posso citar várias, somente este ano... isso, sim, é ser feliz para mim!

O escritor e filósofo Luis Felipe Pondé associa a felicidade a três pilares: o respeito ao próximo (misericórdia e empatia), a busca por desejos (muitas vezes reprimidos) e um propósito (dar sentido à vida). Sem isso, não há como o ser humano evoluir. Sem erros e acertos, temor e coragem.
Acredito que a felicidade não seria possível sem coragem e autenticidade, ou seja, sem realizar os desejos, as paixões, enfrentando tudo que vem junto, como os medos e fracassos, com o intuito de dar sentido à vida.

O ignorante é mais feliz que o sábio?
Existe um ditado que diz que os ignorantes são mais felizes. Será? A ignorância até pode nos proteger da infelicidade, mas com certeza não nos traz felicidade.

Segundo Cortella, a ignorância pode nos impedir de sofrer, pela falta do conhecimento, por exemplo, mas não significa que possa nos tornar felizes. Porque só é feliz aquele que tem consciência disso. Não existe como sentir a felicidade sem a ciência do que se está sentindo. Então, acredito que a sabedoria é um dos caminhos que nos leva à felicidade, e isso inclui enfrentar a vida aos trancos e barrancos, pois, para se chegar nela, é preciso ter consciência do que vem antes dela.
Acredito que pessoas que vivem em condições precárias, de subsistência, são um exemplo disso. Elas não conhecem a felicidade porque lhes foi tirado o direito e isso, de certa forma, lhes protege da dor. Porque não se conhece aquilo que ainda não se experimentou. Logo, não vão sentir quando ela passar. A ignorância nos protege da dor, da falta, mas não traz felicidade, enquanto a felicidade precisa da presença da dor constantemente, pois só assim a sentiremos plenamente.

Quanto maior o conhecimento, maior também o sofrimento, pois a ignorância nos protege da dor, da realidade não vivida, ao contrário dos benefícios que o conhecimento nos traz. A sabedoria nos impõe uma prática diária e constante do pensar e agir sobre as coisas. Assim, tomamos consciência das coisas que nos rodeiam, dos sentimentos, medos e frustrações que, porventura, teremos. Isso nos deixa vulneráveis, temerosos, medrosos, pois temos consciência das consequências de tais tormentos. E isso gera sofrimento, como diz Cortella.
O ignorante, aquele desprovido da consciência da verdade por falta de conhecimento e entendimento, acaba por ser uma criatura “feliz”, pela autenticidade de não saber e, por isso mesmo, não conhecer as mazelas que a vida traz de tempos em tempos. É como Pondé aponta no encontro com o filósofo alemão…
O que diz a Bíblia?

Ou seja, Deus nos fez criaturas perfeitas, felizes, mas devido ao pecado original, perdemos essa felicidade, mas que um dia nos será devolvida, na presença de Deus. Enquanto isso, devemos viver com o pouco de sabedoria que buscamos, pois a sabedoria plena somente a Deus pertence...

Afinal, é melhor saber ou simplesmente viver? Eu prefiro os dois. Viver com sabedoria torna a vida mais proveitosa. Buscar a felicidade também, não como missão, mas como realização. Porque a felicidade pode começar onde você está. E lhe levar a qualquer lugar…

Acima, estão os livros escolhidos para comentar sobre o tema. Em breve, a continuação, na visão crítica de outros escritores... :)


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