Maio com Maria

Em toda a Igreja, só uma pessoa foi chamada de ‘Bendita e Bem-aventurada’, e Ela foi Maria, a mãe de Jesus, a virgem pura, puríssima, a virgem das virgens.
Você tem o coração e a alma puros.

Para muitos que acreditam, Maria foi escolhida por Deus, dentre as mulheres de seu tempo, para ser a mãe do Salvador. Para outros, ela fora “apenas” o templo usado para que se confirmasse a vontade do Pai. E, para alguns, ela nunca existiu ou não teve relevância. Numa busca incansável de relatar fatos com interpretações que comprovem a autenticidade de Maria como a “preferida e escolhida de Deus”, o autor traça seu perfil não só como mãe do Salvador, mas também como seguidora fiel das Sagradas Escrituras, demonstrando sua total submissão e infinito amor por Deus e pela humanidade. Utilizando-se de diversas fontes, como artigos, textos bíblicos, evangelhos (incluindo os apócrifos, textos escritos nos primeiros séculos por autores anônimos, não reconhecidos pela Igreja), depoimentos de teólogos, autoridades religiosas e relatos de aparições, Antônio Oliveira Viana busca aprofundar e fortificar a nossa fé em “Maria... Quem é esta mulher?”.

Poucos trechos das Escrituras se referem diretamente à Maria, mas o ‘pouco’ da quantidade perde para o ‘pouco’ da qualidade. Dicionário Mariológico
É verdade que, para chegar lá, é preciso entender o contexto, interpretar os textos, as escrituras, inclusive os evangelhos apócrifos, por narrarem muitos fatos da época, cujos autores e origem são desconhecidos. Em busca de mostrar a verdadeira face de Maria, o autor tenta juntar todas as fontes como um quebra-cabeça, fazendo uma cronologia bíblica das passagens de Maria durante a vida e vinda de Jesus.

A leitura começa relatando a existência de inúmeras obras sobre a pessoa de Maria Santíssima, destacando esta como particular pelo profundo amor e devoção do autor à Mãe de Deus, a fim de propagar as maravilhas feitas por Maria como Medianeira e misericordiosa. Em seguida, ele traça sua trajetória desde o nascimento e infância até o momento em que foi visitada pelo Anjo Gabriel parar dar a notícia que mudaria sua vida para sempre. Durante esses tempos, o autor vai evidenciando - através de textos bíblicos, depoimentos e evangelhos apócrifos -, como deram-se os principais momentos de Maria com o filho, explicando suas ações e atitudes como serva, temente e obediente a Deus. Utilizando-se principalmente das passagens das Sagradas Escrituras, vemos a história de Maria revelada em fatos e sentimentos que nos sensibilizam e nos enchem de emoção. Momentos de medo, angústia, alegria e dor são alguns dos muitos que revivemos juntamente com ela, durante sua missão como mãe do Salvador. Mas, principalmente, momentos de fé e sabedoria reforçam seu amor imensurável a Deus.

Em seguida, o autor destaca as principais mulheres do Antigo e Novo Testamentos, começando por Eva e fazendo uma analogia entre ela e Maria, quando Eva desobedeceu a Deus e, por consequência, trouxe o pecado, seguido de dor e sofrimento à humanidade, enquanto Maria trouxe a redenção e a salvação do Homem com o seu SIM a Deus.

Dentre outras mulheres, destacou também Sara, do Antigo Testamento - esposa de Abraão, que era estéril e teve a graça de conceber um filho na velhice -, e Isabel, do Novo Testamento, esposa de Zacarias, que deu à luz João Batista...

Durante toda a obra, o autor busca destacar passagens bíblicas que possam ser atribuídas à Maria, de forma oculta, demonstrando o carinho que Deus dispensou à mãe de Jesus.
Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal; uma virgem concebera e dará à luz um filho, e o chamará Deus conosco. (Is 7,14)

Um dos capítulos mais interessantes fala sobre os evangelistas e a forma como cada um descreve Maria, a seu modo, com respeito às profecias. Mateus se preocupa em provar que Jesus é o Messias e, para tanto, reconhece Maria como aquela que confirma as profecias, concebendo Jesus “por força do Espírito Santo”. Lucas a apresenta com respeito e estima, como mulher obediente e cumpridora da lei de Deus, demonstrando fatos com precisão nos eventos e detalhes, possivelmente por ter convivido com Maria após a “morte” de Seu filho, além de ter sido discípulo do apóstolo Paulo. Paulo também retrata Maria como a “mulher que gerou Jesus”, mas sem maior destaque, pois importava exaltar Jesus como Filho de Deus. E João coloca Maria no início e fim do Evangelho, demonstrando sua importância na criação da Igreja. O fato é que nenhum deles nega a presença e dedicação de Maria, com amor e devoção a Jesus, como destacou Marcos, em uma de suas três referências à Maria: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram.”. Marcus não conheceu Jesus, mas foi discípulo de Pedro, que tinha preocupação única de conduzir a Igreja que Jesus lhe confiou, com sabedoria e humildade.

Durante toda a obra, o autor vai acrescentando passagens bíblicas para destacar as qualidades de Maria, atribuindo à ela todas as virtudes dadas por Deus, como: fé, esperança, caridade, prudência, justiça, fortaleza e temperança. Além das virtudes atribuídas a Maria, o autor faz um parâmetro sobre os dons do Espírito Santo manifestados em Maria, como: inteligência, sabedoria, ciência, conselho, fortaleza, piedade e temor de Deus. Há também destaque para os frutos do Espírito Santo em Maria, que, segundo o autor, diferem das virtudes e dons de Deus. São eles: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade (saber esperar), mansidão, fé, modéstia, continência (ou penitência) e castidade.
Em alguns momentos, a leitura parece cansativa e redundante, visto que o autor repete diversas passagens e opiniões para expressar a participação de Maria nas Escrituras. No entanto, seu esforço nos ajuda também na compreensão dos fatos.

Independente de crença ou religião, evangelhos canônicos ou apócrifos, o fato é que se considerarmos o nascimento e vida de Jesus como um fato, e nos atermos apenas às Sagradas Escrituras, teremos o mesmo desfecho: Maria não só foi eleita a mãe de Jesus, como também foi eleita a mãe da humanidade por Jesus. Isso eu concluí enquanto caminhava para o final da leitura, como uma espécie de catarse. Assim como todo aquele que lê a Bíblia e a põe em prática, consegue interpretar as palavras, a mensagem final foi muito forte e clara para mim. Será que Maria fora apenas um templo de Deus? Como não poderia deixar de ser, eis que foi o próprio Cristo quem revelou: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19,26). Para mim, Jesus dizia: "Mãe, eu te entrego os teus filhos. Eis a tua responsabilidade. Cuida da humanidade..."

Maria foi entregue a nós por Deus Pai e por Deus filho, em sua crucificação. Maria é a mãe da humanidade por vocação, amor e devoção. Amém!


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