Maio com Maria

 

Em toda a Igreja, só uma pessoa foi chamada de ‘Bendita e Bem-aventurada’, e Ela foi Maria, a mãe de Jesus, a virgem pura, puríssima, a virgem das virgens.

Você tem o coração e a alma puros.

Sempre fico curiosa quando uma leitura se aproxima do fim, pensando sobre qual mensagem ela trará. Será que me convencerá? Terá relevância? Trará esperança? Aprendizado?
Começo este post falando do fim. Como católica e praticante, Maria mora em meu coração e tenho um grande respeito por ela. Talvez por isso, senti um certo receio sobre que mensagem a obra traria, pois não queria terminar o livro sem aprender algo novo ou que confirmasse minhas convicções. E, para minha alegria, enquanto caminhava para o fim da leitura, tive a graça de entender o propósito do autor e sua mensagem.

Para muitos que acreditam, Maria foi escolhida por Deus, dentre as mulheres de seu tempo, para ser a mãe do Salvador. Para outros, ela fora “apenas” o templo usado para que se confirmasse a vontade do Pai. E, para alguns, ela nunca existiu ou não teve relevância. Numa busca incansável de relatar fatos com interpretações que comprovem a autenticidade de Maria como a “preferida e escolhida de Deus”, o autor traça seu perfil não só como mãe do Salvador, mas também como seguidora fiel das Sagradas Escrituras, demonstrando sua total submissão e infinito amor por Deus e pela humanidade. Utilizando-se de diversas fontes, como artigos, textos bíblicos, evangelhos (incluindo os apócrifos, textos escritos nos primeiros séculos por autores anônimos, não reconhecidos pela Igreja), depoimentos de teólogos, autoridades religiosas e relatos de aparições, Antônio Oliveira Viana busca aprofundar e fortificar a nossa fé em “Maria... Quem é esta mulher?”.

Poucos trechos das Escrituras se referem diretamente à Maria, mas o ‘pouco’ da quantidade perde para o ‘pouco’ da qualidade. Dicionário Mariológico

É verdade que, para chegar lá, é preciso entender o contexto, interpretar os textos, as escrituras, inclusive os evangelhos apócrifos, por narrarem muitos fatos da época, cujos autores e origem são desconhecidos. Em busca de mostrar a verdadeira face de Maria, o autor tenta juntar todas as fontes como um quebra-cabeça, fazendo uma cronologia bíblica das passagens de Maria durante a vida e vinda de Jesus.

A leitura começa relatando a existência de inúmeras obras sobre a pessoa de Maria Santíssima, destacando esta como particular pelo profundo amor e devoção do autor à Mãe de Deus, a fim de propagar as maravilhas feitas por Maria como Medianeira e misericordiosa. Em seguida, ele traça sua trajetória desde o nascimento e infância até o momento em que foi visitada pelo Anjo Gabriel parar dar a notícia que mudaria sua vida para sempre. Durante esses tempos, o autor vai evidenciando - através de textos bíblicos, depoimentos e evangelhos apócrifos -, como deram-se os principais momentos de Maria com o filho, explicando suas ações e atitudes como serva, temente e obediente a Deus. Utilizando-se principalmente das passagens das Sagradas Escrituras, vemos a história de Maria revelada em fatos e sentimentos que nos sensibilizam e nos enchem de emoção. Momentos de medo, angústia, alegria e dor são alguns dos muitos que revivemos juntamente com ela, durante sua missão como mãe do Salvador. Mas, principalmente, momentos de fé e sabedoria reforçam seu amor imensurável a Deus.

Em seguida, o autor destaca as principais mulheres do Antigo e Novo Testamentos, começando por Eva e fazendo uma analogia entre ela e Maria, quando Eva desobedeceu a Deus e, por consequência, trouxe o pecado, seguido de dor e sofrimento à humanidade, enquanto Maria trouxe a redenção e a salvação do Homem com o seu SIM a Deus.

Dentre outras mulheres, destacou também Sara, do Antigo Testamento - esposa de Abraão, que era estéril e teve a graça de conceber um filho na velhice -, e Isabel, do Novo Testamento, esposa de Zacarias, que deu à luz João Batista...

Durante toda a obra, o autor busca destacar passagens bíblicas que possam ser atribuídas à Maria, de forma oculta, demonstrando o carinho que Deus dispensou à mãe de Jesus.

Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal; uma virgem concebera e dará à luz um filho, e o chamará Deus conosco. (Is 7,14)

Um dos capítulos mais interessantes fala sobre os evangelistas e a forma como cada um descreve Maria, a seu modo, com respeito às profecias. Mateus se preocupa em provar que Jesus é o Messias e, para tanto, reconhece Maria como aquela que confirma as profecias, concebendo Jesus “por força do Espírito Santo”. Lucas a apresenta com respeito e estima, como mulher obediente e cumpridora da lei de Deus, demonstrando fatos com precisão nos eventos e detalhes, possivelmente por ter convivido com Maria após a “morte” de Seu filho, além de ter sido discípulo do apóstolo Paulo. Paulo também retrata Maria como a “mulher que gerou Jesus”, mas sem maior destaque, pois importava exaltar Jesus como Filho de Deus. E João coloca Maria no início e fim do Evangelho, demonstrando sua importância na criação da Igreja. O fato é que nenhum deles nega a presença e dedicação de Maria, com amor e devoção a Jesus, como destacou Marcos, em uma de suas três referências à Maria: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e te procuram.”. Marcus não conheceu Jesus, mas foi discípulo de Pedro, que tinha preocupação única de conduzir a Igreja que Jesus lhe confiou, com sabedoria e humildade.

Durante toda a obra, o autor vai acrescentando passagens bíblicas para destacar as qualidades de Maria, atribuindo à ela todas as virtudes dadas por Deus, como: fé, esperança, caridade, prudência, justiça, fortaleza e temperança. Além das virtudes atribuídas a Maria, o autor faz um parâmetro sobre os dons do Espírito Santo manifestados em Maria, como: inteligência, sabedoria, ciência, conselho, fortaleza, piedade e temor de Deus. Há também destaque para os frutos do Espírito Santo em Maria, que, segundo o autor, diferem das virtudes e dons de Deus. São eles: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, longanimidade (saber esperar), mansidão, fé, modéstia, continência (ou penitência) e castidade.

Em alguns momentos, a leitura parece cansativa e redundante, visto que o autor repete diversas passagens e opiniões para expressar a participação de Maria nas Escrituras. No entanto, seu esforço nos ajuda também na compreensão dos fatos.

Independente de crença ou religião, evangelhos canônicos ou apócrifos, o fato é que se considerarmos o nascimento e vida de Jesus como um fato, e nos atermos apenas às Sagradas Escrituras, teremos o mesmo desfecho: Maria não só foi eleita a mãe de Jesus, como também foi eleita a mãe da humanidade por Jesus. Isso eu concluí enquanto caminhava para o final da leitura, como uma espécie de catarse. Assim como todo aquele que lê a Bíblia e a põe em prática, consegue interpretar as palavras, a mensagem final foi muito forte e clara para mim. Será que Maria fora apenas um templo de Deus? Como não poderia deixar de ser, eis que foi o próprio Cristo quem revelou: “Mulher, eis aí o teu filho” (Jo 19,26). Para mim, Jesus dizia: "Mãe, eu te entrego os teus filhos. Eis a tua responsabilidade. Cuida da humanidade..."

Maria foi entregue a nós por Deus Pai e por Deus filho, em sua crucificação. Maria é a mãe da humanidade por vocação, amor e devoção. Amém!

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